A recente atualização nas regras da licença-paternidade traz um novo horizonte para pais e filhos no Brasil, refletindo um avanço significativo em políticas que visam o fortalecimento das relações familiares. A possibilidade de maior envolvimento dos pais nos primeiros dias após o nascimento de um filho é um tema que ganha cada vez mais destaque nas discussões sociais e legislativas. Este artigo explorará em profundidade as mudanças, suas implicações e os benefícios que podem trazer tanto para as famílias quanto para a sociedade como um todo.
Novas regras da licença-paternidade passam a vigorar: veja o que mudou
Historicamente, a licença-paternidade no Brasil era um tema negligenciado, com pouco espaço para avanços significativos. Até recentemente, o período de licença para os pais era limitado a apenas cinco dias, um tempo muito curto para que pudessem se adaptar às novas responsabilidades e oferecer suporte emocional e físico às mães e recém-nascidos. Com as novas regras, a ampliação do período para quinze dias é uma transformação que representa não apenas uma valorização do papel do pai na família, mas também uma tentativa de corrigir desigualdades de gênero presentes nas dinâmicas familiares.
A proposta em debate, contida no Projeto de Lei 3.935 de 2008, prevê a ampliação da licença paternidade de cinco para quinze dias, com a garantia de estabilidade no emprego por trinta dias após o retorno do trabalhador. Essa mudança foi impulsionada por debates intensos no Congresso Nacional, onde diferentes vocalizações da sociedade civil começaram a se articular em favor de uma licença mais abrangente e inclusiva.
Entidades como a Coalizão Licença-Paternidade (CoPai) defendem que a licença seja estendida a trinta ou até sessenta dias, especialmente em situações de ausência materna. A argumentação é clara: ampliar o prazo contribui para que os pais tenham um papel ativo desde o início da vida da criança, promovendo uma divisão mais equitativa do cuidado e, consequentemente, um desenvolvimento mais saudável para os filhos. A participação do pai nesse momento decisivo não é apenas benéfica para a criança, mas também para a mãe, que poderá contar com apoio no desafio da maternidade.
Como a licença-paternidade funciona atualmente
Antes da nova regulamentação, a licença-paternidade no Brasil era regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), oferecendo apenas cinco dias corridos após o nascimento ou adoção de uma criança. Essa restrição proporcionou um universo de insatisfação, especialmente quando comparada a modelos de outros países onde a licença paternidade é mais robusta e inclusiva. No caso da Espanha, os pais têm direito a dezesseis semanas com remuneração integral, enquanto na Suécia, a licença é compartilhada, permitindo que o pai possa ficar com a criança por noventa dias exclusivamente, além de outros trezentos dias que podem ser divididos entre o casal.
No Brasil, a limitação vigente não só perpetuava um padrão desigual no compartilhamento das responsabilidades parentais, como também reforçava a divisão do trabalho doméstico. O cenário atual contribuía para que as mães permanecessem sobrecarregadas, enquanto os pais tinham sua presença em casa reduzida. Esse desequilíbrio é um dos principais motivos pelos quais diversas organizações estão pressionando por uma revisão nas regras da licença paternidade.
Um aspecto notável a ser considerado é que, embora o Brasil tenha algumas iniciativas, como o Programa Empresa Cidadã que estende a licença para até vinte dias, a adesão a esse programa é voluntária e, portanto, não chega a um número significativo de trabalhadores no país. Essa situação ressalta a necessidade urgente de uma mudança legislativa que seja abrangente e obrigatória para todos os trabalhadores.
Benefícios das mudanças para a sociedade
A ampliação da licença-paternidade não traz apenas benefícios para a família, mas também para a sociedade como um todo. Estudos de instituições como o Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made-USP) demonstram que um maior envolvimento dos pais nos primeiros meses de vida de uma criança pode gerar uma série de efeitos positivos.
Entre os principais benefícios estão o fortalecimento do vínculo parenta-filial e a redução da sobrecarga materna, permitindo que as mães recuperem melhor suas energias e consigam estabelecer um ambiente mais saudável para o desenvolvimento da criança. Além disso, essa dinâmica pode incentivar uma divisão mais justa das tarefas domésticas, promovendo um ambiente familiar mais equilibrado.
Outro aspecto importante é que, ao promover longas licenças paternidades que sejam intransferíveis, os dados mostram que a adesão por parte dos homens aumenta. Em países onde a licença pode ser compartilhada, como o Chile, a participação masculina é alarmantemente baixa. Com base em evidências internacionais, vê-se que políticas eficazes de licença paternidade potencializam o envolvimento dos pais desde a primeira infância, garantindo um impacto positivo que se estende para toda a vida da criança.
Do ponto de vista econômico, empresas que implementam políticas de equidade de gênero tendem a ter colaboradores mais satisfeitos e uma taxa de rotatividade menor. Com o tempo, investimentos em licenças paternidade eficazes se transformam em economias sociais devido à diminuição dos custos relacionados à ausência paterna e à promoção de um ambiente de trabalho mais humano e produtivo.
Como anda a tramitação do projeto
Atualmente, o Projeto de Lei 3.935 de 2008 está numa fase de urgência na Câmara dos Deputados após ter sido aprovado em julho de 2025. Essa urgência possibilita que o texto siga diretamente para votação no plenário, sem a necessidade de passar por comissões temáticas, o que poderia atrasar a implementação das novas regras. No entanto, o cenário não é simples, já que há mais de cem propostas similares tramitando em paralelo, aumentando o risco de um projeto substitutivo que possa diluir as demandas por uma licença paternidade mais robusta.
Por outro lado, a articulação entre diferentes setores e a pressão da sociedade civil estão dando uma nova vida ao debate, com deputados como Tábata Amaral liderando esses esforços. No Senado, um projeto do senador Jorge Kajuru segue em discussão, refletindo um consenso crescente sobre a necessidade de mudanças nas normas atuais.
É imprescindível que a sociedade acompanhe de perto essa tramitação, pois cada passo pode influenciar diretamente na vida de milhões de famílias brasileiras. A aprovação de um texto que contemple uma licença mínima de trinta dias seria um avanço significativo para garantir uma parentalidade mais equitativa, reflexo da luta contínua por igualdade de direitos.
Perguntas frequentes
As novas regras da licença-paternidade já estão válidas?
Sim, as novas regras passaram a vigorar em agosto de 2025, ampliando a licença de cinco para quinze dias.
Como fica a estabilidade no emprego após a licença paternidade?
Os pais que usufruírem da licença terão estabilidade no emprego por trinta dias após o retorno ao trabalho.
Quais são os principais benefícios das novas regras?
A ampliação da licença paternidade favorece o envolvimento dos pais, reduz a sobrecarga das mães e fortalece o vínculo familiar.
Ainda existem desigualdades nas licenças paternidade em comparação com outros países?
Sim, mesmo com as novas mudanças, o Brasil ainda está atrás de muitos países em termos de duração e estrutura da licença paternidade.
O que as empresas podem fazer para apoiar as novas regras?
As empresas podem implementar políticas de suporte e informar os pais sobre os benefícios da licença, garantindo um ambiente que promova essa participação.
Quais os próximos passos para a tramitação do projeto?
O projeto segue agora em análise na Comissão de Constituição e Justiça e aguarda votação no plenário, podendo ainda passar por substitutivos.
À medida que as novas regras da licença-paternidade passam a vigorar, o Brasil se encaminha para um futuro mais equilibrado e justo. A implementação efetiva dessas mudanças é uma oportunidade única de não apenas transformar as dinâmicas familiares, mas também de construir uma sociedade que valoriza ativos e igualitários os papeis de pais e mães, promovendo um ambiente mais harmonioso e saudável. É essencial que todos, cidadãos e legisladores, estejam comprometidos em fazer dessa mudança uma realidade, garantindo que novos pais possam estar presentes e apoiando suas famílias nos momentos mais importantes.

Olá, meu nome é Gabriel, editor do site Jornal O Maricá, focado 100%. Olá, meu nome é Gabriel, editor do site Jornal O Maricá, focado 100%